Wednesday, March 28, 2007

Personalismo

Podemos entender o personalismo como sendo o apego com tudo que parte de nós. Esse apego é fator sinalizador de gratificação efetiva escassa conosco mesmo, insuficiência de auto-amor. Quando nos amamos verdadeiramente não há motivo para a atitude personalista, porque nos realizamos com o ato de ser sem aguardar compensação, aplauso e possessividade.

Seu traço mais comum é a paixão crônica com o eu manifestada de formas variadas, algumas delas são: irredutibilidade velada ou clara, vaidade intelectual, dificuldade de conviver pacificamente com a diversidade humana, manipulação interpretativa de conceitos, autoritarismo nas decisões, agastamento ante as cobranças e correções, sistemática competição para produzir além dos outros e da capacidade pessoal, coleção de animosidades, excessiva valorização que conferimos a nós mesmos, “amor” próprio, apego às nossas obras, superlativa fixação dos valores que possuímos ou acreditamos possuir, pretensões de destaque e vício de ser elogiado.

Suas causas podem sem encontradas na história remota da evolução, quando tivemos no instinto de conservação um importante fator de fixação e agregação de valores morais consolidando a consciência de si. A conservação como fonte de defesa e automatização da consciência de si tornou-se egoísmo, uma exageração dessa necessidade natural, na qual nos encontramos até hoje.

Na infância encontramos outras tantas razões muito bem abordadas por Sigmund Freud na questão da personalidade egocêntrica, cujo processo de amadurecimento psíquico é mal conduzido, ensejando carências afetivas profundas que irão refletir no homem adulto como insegurança e fantasias narcisistas.